A soberania de um país, em linhas gerais, diz respeito à sua autonomia, ao poder político e de decisão dentro de seu respectivo território nacional, principalmente no tocante à defesa dos interesses nacionais. Nesse sentido, cabe ao Estado nacional (ao governo, propriamente dito) o direito de sua autodeterminação em nome de uma nação, de um povo. Por outro lado, o conceito de ordem mundial remete à ideia de uma organização ou hierarquia dada pelas relações de poder entre atores internacionais, isto é, os próprios países ou Estados.
As potências que se destacam possuem um discurso legitimador para sua empreitada: são fiadoras, dão credibilidade e cobram respeito. Grosso modo, a Ordem Mundial pode ser considerada pertinente ao comportamento “habitual” dos países. Este hábito é delineado por suas ações diretas e indiretas enquanto soberania e, obviamente, está ligado de forma intrínseca às suas principais características econômicas, políticas, físicas (geográficas), ideológicas e religiosas. Em outras palavras, os países ocupam posições no sistema internacional conforme suas características mais gerais que lhe conferem maior ou menor destaque. Obviamente, nem todos os países consideram como legítimo o poder de algumas hegemonias, manifestando-se contrários a este poder. Exemplo disso estaria na relação de hostilidade aos Estados Unidos por parte de alguns países como Irã e Venezuela.
Ao longo do século XX, o que se assiste é o fortalecimento da hegemonia norte-americana, principalmente ao final da Guerra Fria. Já no início do século XXI, em termos de sistema internacional, algumas transformações são muito significativas, pois, se por um lado os Estados Unidos ainda possuem o status de maior potência mundial, apesar de problemas internos em sua economia, por outro já divide espaço no cenário da economia internacional com a União Europeia e com os chamados BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia e China). Ou seja, há indicações de que o sistema internacional torna-se cada vez mais complexo, fato que sugere um rearranjo das relações internacionais.
Claramente, as hegemonias e potências mundiais possuem estratégias diplomáticas não necessariamente para regular o “bom funcionamento” do sistema internacional, mas sim para atender a seus interesses em primeira instância, principalmente do ponto de vista econômico. As medidas protecionistas adotadas no momento da crise econômica (bem como os subsídios por parte dos governos para alguns setores) são representativas disso, uma vez que garantem maiores vantagens de competitividade para a produção nacional de seus países no mercado internacional.
Como se viu, embora a enorme crise econômica que se instaurou na economia mundial em meados de 2008 tenha se originado nos grandes centros financeiros das principais potências do mundo, os países considerados em desenvolvimento também foram chamados à discussão de alternativas para se alcançar uma saída. Em outras palavras, no plano das relações internacionais, o caos econômico causado por poucos teve de ser enfrentado por todos, dadas as consequências diretas ou indiretas sobre as economias em todo o mundo.
Além disso, muitas vezes a retórica dos discursos destas potências não coincide com as práticas políticas. Há um consenso em relação ao desenvolvimento sustentável, mas as posturas na prática são diferentes. As questões pertinentes ao aquecimento global, tão em voga na ordem do dia, parecem atender a uma agenda pressuposta como internacional, mas que na prática está alinhada aos interesses dos mais fortes (política e economicamente) e divide as responsabilidades (em grande parte “suas”, considerando a relação poluição/desenvolvimento industrial) com todos.
Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campina
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